ATA DA SESSÃO DE INSTALAÇÃO DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 15.02.1991.

 


Aos quinze dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sessão de Instalação da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Cyro Martini, Edi Morelli, Elói Guimarães, Gert Schinke, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Mano José, Nelson Castan, Nereu D’Ávila, Omar Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha e Wilson Santos. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e instalada a Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, convidando o Ver. João Dib a proceder à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Primeira Sessão Especial,que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios nºs 67 e 83/91, do Sr. Prefeito Municipal; 54/91, do Gabinete do Governador do Estado do Rio Grande do Sul; 147/91, da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, o Sr. Presidente registrou a presença, na Casa, do Prefeito Municipal, Bel. Olívio Dutra, convidando S. Exa. a fazer parte da Mesa. Ainda, registrou as presenças do Dr. Caio Lustosa,da Secretaria Municipal do Meio Ambiente; da Dra. Maria Luiza Jaeger, da Secretaria Municipal de Saúde e Serviço Social; do Sr. Milton Pantaleão, da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio; do Sr. Heron Estrela, do Departamento Municipal de Águas e Esgoto; do Sr. Diógenes de Oliveira, da Secretaria Municipal dos Transportes; do Sr. Valdir Bohn Gass, da Fundação de Educação Social e Comunitária; do Sr.José Torres, da Companhia Carris Porto-Alegrense; do Sr.Marco Aurélio Vargas, da PROCEMPA,e do Dr. Tarso Genro, Vice-Prefeito Municipal. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foram aprovados os seguintes Requerimentos, solicitando Licenças para Tratamento de Saúde: do Ver. Décio Schauren, para o dia de hoje; do Ver. Artur Zanella, para o período de quinze a vinte e dois do corrente. Em continuidade, o Sr. Presidente declarou empossados na Vereança os Suplentes Heriberto Back, em substituição ao Ver. Décio Schauren, e Martim Aranha Filho, em substituição ao Ver. Artur Zanella, e, informando que S.Exas. já prestaram compromisso legal nesta Legislatura, ficando dispensados de fazê-lo, comunicou-lhes que passariam a integrar, respectivamente, as Comissões de Educação e Cultura e de Urbanização, Transportes e Habitação. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Ver. Antonio Hohlfeldt discorreu sobre a reabertura dos trabalhos legislativos, destacando que, durante o período de recesso, a Casa manteve-se em constante atividade, o que também foi observado em grande parte dos legislativos brasileiros. Comentou a divulgação, pela imprensa, dos dados referentes ao primeiro mês de gestão da atual Mesa Diretora, agradecendo o apoio recebido de todos para o bom andamento dos trabalhos. Disse que ainda hoje será colocada novamente em processo a Comissão Especial constituída para estudar a adaptação do Regimento Interno à nova Lei Orgânica Municipal. A seguir, nos termos do artigo 67 do Regimento Interno, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Prefeito Olívio Dutra, que falou do significado da presença do Executivo Municipal nesta Sessão, dizendo ser ela sinal de respeito a este Legislativo e a cada um dos Senhores Vereadores em particular. Destacou que a Cidade deve ser governada pelos dois Poderes, Executivo e Legislativo, sendo esta Casa indispensável para o bom andamento da democracia. Destacou a existência de um terceiro Poder, o Judiciário, como meio de apreciação de divergências entre os outros dois Poderes. Após, o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, da Srª. Judite Dutra, 1ª Dama do Município e Presidente do MAPA. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João Dib, falando também em nome do PFL, saudou a presença do Prefeito Olívio Dutra e dos demais representantes do Executivo Municipal. Congratulou-se com a Mesa Diretora pela Portaria 324/91, salientando estar realizando estudos quanto às Licenças para Tratamento de Saúde solicitadas pelos Senhores Vereadores. Falou, ainda, de Projetos que deverá encaminhar à Casa, relativos ao número de Cargos em Comissão e à Lei Complementar nº 02. Classificou tal Lei Complementar como inconstitucional, dizendo já existirem liminares da Justiça contra o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano. O Ver. Wilson Santos falou de sua honra por integrar a Mesa Diretora da Casa e sua satisfação por prestigiar o Executivo Municipal a presente Sessão, declarando encontrar-se tal gesto inserido na “marcha democrática” que vem levando a efeito o poder público no Município. Destacou que a dialética faz parte desse processo democratizador, mas que o objetivo final sempre será o bem público. A seguir, o Sr. Presidente informou que, por motivo de força maior, o Sr. Prefeito Olívio Dutra teria que se retirar, convidando o Vice-Prefeito Tarso Genro a fazer parte da Mesa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Luiz Braz analisou o relacionamento hoje existente entre os Poderes Legislativo e Executivo municipais, destacando estar o mesmo baseado não na busca de destaque de um ou outro,mas na procura do melhor para a comunidade. Lembrou votações anteriormente realizadas na Casa, relativas aos valores tarifários do transporte coletivo da Cidade. Congratulou-se com a Mesa Diretora pelas medidas postas em prática visando uma adaptação da Casa ao seu novo orçamento. O Ver. Omar Ferri teceu comentários sobre a Câmara Municipal de Porto Alegre, dizendo destacar-se ela a nível nacional por seu espírito de trabalho e de busca do bem público. Analisou medidas tomadas neste sentido, como o término do “jetton” das convocações extraordinárias e as alterações no Fundo de Previdência dos Senhores Vereadores. Salientou seu orgulho por integrar a atual Mesa Diretora, discorrendo sobre os objetivos da nova administração da Casa e falou sobre os dados distribuídos à imprensa quanto ao primeiro mês de atuação da nova Mesa. O Ver. Isaac Ainhorn teceu comentários sobre a votação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 03/91, dizendo ter a Casa, nessa ocasião, demonstrado sua responsabilidade com o bem-comum de Porto Alegre.Ressaltou que, mesmo com o período de recesso diminuído, durante o mesmo este Legislativo quase não parou, mantendo uma atividade constante. Destacou a importância do papel dos legislativos na busca de soluções para os problemas do País. O Ver. João Motta declarou acreditar que este ano será de afirmação da relação harmoniosa entre os Poderes Legislativo e Executivo da Cidade, e de luta pela redemocratização dos poderes públicos, declarando-se contrário a uma possível prorrogação dos mandatos dos Senhores Vereadores. Propugnou pela paz no Golfo Pérsico, lendo trecho de editorial do Informativo “Amostrarte”, acerca da forma como os meios de comunicação vêm tratando o assunto. Lamentou a linha de trabalho de alguns veículos de comunicação do Estado, onde se observa um direcionamento da notícia em prejuízo do real esclarecimento da população. O Ver. Lauro Hagemann discorreu sobre o quadro de conturbação generalizada que hoje atravessa o País, analisando o papel dos legislativos brasileiros dentro desse quadro. Registrou o repúdio de seu Partido quanto à possibilidade de prorrogação dos mandatos dos Vereadores, atualmente cogitada, analisando os reais objetivos existentes por trás dessa prorrogação. Destacou a necessidade de feitura, neste ano, das Leis Complementares que deverão regularizar a nova Lei Orgânica Municipal. E o Ver. Airto Ferronato destacou sentir-se com seu dever de Vereador cumprido até o momento, pretendendo dar continuidade ao trabalho até agora desenvolvido. Falou do equilíbrio observado nas finanças públicas, declarando dever-se o mesmo à seriedade e competência do Executivo e à realização de um trabalho conjunto com o Legislativo Municipal. Lamentou a falta de Leis Complementares para regulamentação da Constituição Federal, salientando os prejuízos disso resultantes para a feitura das Leis Complementares do Município. A seguir, o Sr. Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às onze horas e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt e Airto Ferronato e secretariados pelo Ver. Leão de Medeiros. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada,será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 


O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Queremos registrar, com muita honra, a presença do Sr. Olívio Dutra, Prefeito da Cidade; Sr. Tarso Genro, Vice-Prefeito da Cidade; Sr. Caio Lustosa, Secretário Municipal do Meio Ambiente; Dra. Maria Luiza Jaeger, Secretária Municipal de Saúde e Serviço Social; Sr. Milton Pantaleão, representando a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio; companheiro Heron Estrela, do Departamento Municipal de Água e Esgotos; Sr. Diógenes de Oliveira, Secretário Titular da Secretaria Municipal de Transportes – SMT; companheiro Valdir Bohn Gass, Diretor da Fundação de Educação Social e Comunitária – FESC; companheiro José Torres, representando a CARRIS; e Sr. Marco Aurélio Vargas, da Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre.

Registramos, em especial, também, a presença da Srª Judite Dutra, esposa de nosso Prefeito.

Agradecemos a presença dos companheiros.

Sobre a mesa, Requerimento do Ver. Décio Schauren, solicitando Licença para Tratamento de Saúde para o dia de hoje. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário o Sr. Heriberto Back, Suplente pelo Partido dos Trabalhadores – PT, que irá assumir a Vereança em substituição ao Ver. Décio Schauren, que se encontra licenciado.

 

(O Sr. Heriberto Back dá entrada no Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido Sr. Heriberto Back a tomar assento em sua Bancada e informo ao Plenário que, já tendo S. Exª prestado compromisso regimental nesta Legislatura, fica dispensado de repeti-lo nesta oportunidade, nos termos do Regimento Interno.

Declaro empossado o Sr. Heriberto Back e informo que S Exª deverá integrar a Comissão de Educação e Cultura.

Ainda, para ser votado, Requerimento do Ver. Artur Zanella, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no período de 15 a 22 do corrente mês.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário o Sr. Martim Aranha Filho, Suplente pelo Partido da Frente Liberal – PFL, que irá assumir a Vereança em substituição ao Ver. Artur Zanella, que se encontra licenciado.

 

(O Sr. Martim Aranha Filho dá entrada no Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido a Sr. Martim Aranha Filho a tomar assento em sua Bancada e informo ao Plenário que, já tendo S. Exª prestado compromisso regimental nesta Legislatura, fica dispensado de repeti-lo nesta oportunidade, nos termos         do Regimento Interno.

Declaro empossado o Sr. Martim Aranha Filho e informo que S. Exª deverá integrar a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação.

 

O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Com a palavra o Presidente Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente dos trabalhos, Sr. Prefeito Municipal, Srs. Vereadores, Srs. Secretários e Diretores de Autarquias, representantes dos companheiros Secretários da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

A Câmara Municipal de Porto Alegre instala hoje os trabalhos da sua X Legislatura e, pela primeira vez, na história recente política deste País, reabrem-se simultaneamente os trabalhos legislativos no nível federal, da Câmara Federal; no nível estadual, da Assembléia Legislativa, desta Casa e da maioria das Câmaras de Vereadores. Reabrem-se os trabalhos legislativos que, na verdade, na maioria dos casos, ao menos aqueles que nos envolvem diretamente, não pararam por um único momento naquele período que é tradicionalmente denominado de recesso. Esta Casa atuou até o dia 31 de dezembro numa convocação extraordinária e voltou a atuar extraordinariamente por autoconvocacão em duas ocasiões, no período de janeiro e fevereiro. A Assembléia Legislativa do Estado foi convocada pelo Sr. Governador do Estado e, praticamente, passou todo o período de janeiro e fevereiro em convocação extraordinária. A Câmara Federal encontrava-se até ontem, em convocação extraordinária, inclusive para o exame das medidas provisórias do Sr. Presidente da República. Isso demonstra, sem dúvida nenhuma, Sr. Prefeito, companheiros de Mesa, Srs. Vereadores, Srs. Secretários, que mudam os tempos neste País. Os Legislativos já não estão mais ausentes e, embora muitas vezes os Executivos tentem diminuir a função dos Legislativos, estes vão lutando para conquistar aquele espaço que, numa democracia real, concreta, cabe a esses Legislativos. É com esta perspectiva que eu gostaria de me dirigir a todos neste dia em que pela primeira vez, por força da nossa Lei Orgânica, de 4 de abril de 1990, nós reabrimos os trabalhos legislativos em fevereiro e não em março, como era corriqueiro, tendo decidido motu próprio, pela absoluta maioria deste Plenário, reduzir o chamado período de recesso, como também na nossa Lei Orgânica fizemos constar – e é caso raro em todo este País, ainda – o fato de que abríamos mão de todo e qualquer pagamento por todo e qualquer tipo de convocação extraordinária, fosse ela feita pelo Sr. Prefeito Municipal ou, como de fato ocorreu neste período, por uma autoconvocação deste Plenário. Acho que são exemplos que nós, da Câmara Municipal de Porto Alegre, estamos dando. Não estamos fazendo favores, estamos cumprindo com as nossas funções e com as nossas responsabilidades, independente da coloração partidária. Do PDS ao PT, dos companheiros do PDT ao PFL, as chamadas pequenas Bancadas das quais já fui eu representante também um dia, nesta Casa, com muita honra, cada um de nós, cada um dos Partidos aqui representados, tem dado a sua pequena colaboração. Foi com esse espírito que ontem, cumprindo inclusive determinações do Plenário, de publicação, de divulgação, de entrega de transparência de dados relativos à folha de pagamento e despesas da Casa, nós reunimos os companheiros da imprensa e divulgamos os dados do primeiro mês da administração da Casa. Nós queremos pedir aos companheiros, às Lideranças, inclusive tomando os dados que pretendemos distribuir hoje a todas as Lideranças e, se houver interesse, a cada Vereador, os dados que foram ontem distribuídos, até porque houve algumas pequenas leituras de linhas cruzadas em alguns jornais da Capital. Mas, de qualquer maneira, os dados aí estão.

E acho que a melhor defesa é exatamente a transparência. Foi isto que defendemos. E acho que é isto que todos nós queremos.

Não tenho vergonha do salário que recebo, do subsídio que recebo e acho que nenhum dos Senhores tem, porque trabalhamos. Temos posições diferentes, lutamos, discutimos entre nós, por vezes com o Executivo, mas cumprimos a nossa função. E temos, inclusive, claramente, na nossa Lei Orgânica a definição de que na ausência do Vereador deva ser descontado 1/30 do salário do Vereador, motivo pelo qual na listagem de hoje temos a diferença nos subsídios dos Srs. Vereadores.

Com isso ficam, claramente, colocadas aqui, as nossas preocupações. Esta Casa tem uma responsabilidade no processo de redemocratização que ainda estamos vivendo em todo o País. Esta Casa tem repartida, junto com o Executivo, a decisão das coisas desta Cidade. E esta Casa, não tenho dúvidas, tem sabido assumir estas questões com muita honra e com muita objetividade. Há poucos dias estivemos, cumprindo a Lei Orgânica, cumprindo a decisão deste Plenário: a inauguração da Tribuna Popular, significativamente, através do Sindicato dos Municipários. Esta Casa, ontem, através de uma decisão deste Plenário, fazia a publicação das suas despesas, como fará mensalmente, no plano sintético, de todas as despesas da Casa.

Esta Casa entra, hoje, pela primeira vez no trabalho legislativo antecipado de um mês, com o que pretendemos, inclusive, ganhar não tempo no sentido tradicional, mas ganharmos na possibilidade da tramitação correta, dentro dos prazos fixados no Regimento, de cada processo. Aliás, temos este desafio imediato; a partir de hoje estamos colocando, novamente, o processo relativo            à Comissão Especial que elabora o Regimento Interno da Casa, adaptando-o à Lei Orgânica.

E queria, aqui, deixar um desafio a todos os companheiros Vereadores, e muito especialmente àqueles que vão integrar a Comissão Especial do Regimento Interno. Acho que deveríamos ter o Regimento Interno definido, aprovado, antes do dia 4 de abril de 1991, exatamente para não completarmos um ano da nova Lei Orgânica sem o nosso novo Regimento. Este é o desafio que          queria deixar aos companheiros.

Queria, sobretudo, agradecer aos meus companheiros da Mesa pelo apoio deste primeiro mês de trabalho, queria agradecer também a todas as Lideranças, àqueles Vereadores que individualmente têm conversado conosco, têm nos dado sugestões e queria agradecer muito especialmente aos funcionários da Casa. Sem eles pouco se pode fazer nesta instituição. Sobretudo, queria desejar a cada Vereador, independente de nossos embates de Plenário, um bom ano Legislativo e a promessa deste Presidente que continuará tentando ser aquilo que tentou fazer no primeiro mês: toda a autonomia, todo o respeito e seriedade na direção dos trabalhos desta Casa. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Com base no Regimento Interno, art. 66 e art. 67, passo a palavra ao Sr. Prefeito Municipal, se quiser fazer uso dela e, posteriormente, às Lideranças da Casa e, pela ordem, a todo e qualquer Vereador que quiser usar o espaço de cinco minutos para a sua manifestação.

Com a palavra o Sr. Prefeito Municipal.

 

O SR. OLÍVIO DUTRA: Nobre companheiro Ver. Antonio Hohlfeldt, Presidente do Legislativo Municipal da nossa Cidade. Nobres Vereadores Airto Ferronato, Leão de Medeiros, Omar Ferri, Wilson Santos. companheiro Vice-Prefeito e Secretário para Assuntos Especiais de Governo, Tarso Genro; companheiras e companheiros, Secretários e Diretores de órgãos da Administração Popular. Nobres companheiros Vereadores de todas as Bancadas; companheiros e companheiras, trabalhadores aqui da Casa; populares aqui presentes.

A presença aqui neste dia de Instalação da Sessão Legislativa Ordinária, da X Legislatura do Legislativo Municipal é uma demonstração do nosso respeito e do nosso apreço a cada um dos Vereadores, indistintamente, e a instituição do Legislativo Municipal. Não poderia ser de outra forma. Temos a idéia, os partidos que governam, o PT, PCB PSB, do pluralismo e da democracia cada vez mais aprofundada e espraiada. Temos a certeza de que a Câmara de Vereadores tem o espectro ideológico e partidário maior do que o Executivo, e é bom que seja assim, e assim deve ser. Os Partidos que governamos queremos trabalhar esta divergência, esta pluralidade, porque ela é parte-essência da democracia. Nós entendemos que o nosso Município, a nossa Capital é governada pelo Executivo e pelo Legislativo. O Governo da Administração Popular não foge às suas responsabilidades e às suas obrigações, não recua diante de nenhum desafio, mas tem profundo respeito por esta instituição, a Câmara, porque a entendemos indispensável para o bom governo da Cidade. Tivemos várias diferenças de posições e deveremos ter outras, tivemos várias convergências do entendimento de discussões na busca de soluções para a nossa Cidade, haveremos de ter muitas delas ainda pela frente. Entendemos também que além desses dois Poderes - Legislativo e o Executivo -, temos um outro terceiro que também merece o nosso respeito, mesmo, às vezes, na divergência, que é o Judiciário. As coisas que não podem ser encontradas entre nós no Legislativo e Executivo, podem e merecem ser apreciadas, devem ser apreciadas pelo Judiciário. Muitas vezes o Judiciário também precisa ser julgado pela população e por outras instituições. É assim que construímos a democracia. É assim que a Administração Popular vê a forma concreta de enfrentar desafios, de sofrer eventuais desgastes, mas de afirmar o seu projeto em consonância com os seus Partidos e com o sentimento da maioria da nossa população. Tivemos exemplos claros que é possível nas divergências encontrarmos soluções comuns, hoje o caso recente do IPTU, em que o Executivo, com base em estudos técnicos, reapresentou uma proposta de reavaliação deste imposto. A Câmara de Vereadores, recebendo pressões da comunidade, da população, e dando atenção a estas pressões, legitimamente, através de diferentes Vereadores, de diferentes Bancadas, e da própria Bancada do Governo, sugeriu uma alternativa que foi negociada, e esta alternativa é que passa a vigorar na Cidade. Portanto, uma alternativa em que Executivo e Legislativo se entenderam. Pode não ser a perfeita, não ser a ideal, mas certamente, neste rumo, haveremos de aperfeiçoar a caminhada para outras situações e outros tempos na nossa Cidade.

Temos clara, agora, a presença do Judiciário, numa questão em que o Legislativo e o Executivo decidiram, que é a questão do plus tarifário. Temos a presença do Judiciário, acatando uma liminar, e o Poder Executivo, como não poderia deixar de ser, executando na prática esta determinação momentânea do Judiciário, mas, naturalmente, buscando em outra instância a reconsideração disso no interesse da Cidade. É isto que é democrático e é isto que a Administração Popular executa na prática do dia-a-dia. Nenhuma das questões que trazemos cá, para esta Casa, deixa de ser antes julgada minuciosamente, não só no Governo, mas junto à população organizada da nossa Cidade. Achamos que também a relação com a nossa Cidade, com as suas lideranças e organizações, tem que ser permanentemente aperfeiçoada, e nesse processo, o nosso Legislativo, cada um dos Vereadores, é peça fundamental e imprescindível.

Por isso, companheiro Presidente, nobres Vereadores, queremos aqui, neste ato formal, mas de profundo respeito, transmitir os nossos sentimentos, que não estão na formalidade, mas que fazem parte da nossa formação de cidadãos e de homens apaixonados pelo que fizemos, estamos fazendo e faremos, respeitosos pelas divergências, pelas contraposições, mas sabendo que tudo isso é parte da vida, da existência, e é fundamental para a democracia. Assim, temos construído o presente e, certamente, transformaremos para melhor o futuro. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença da Srª Judite Dutra, lª Dama do Município, Presidente do Movimento Assistencial de Porto Alegre – MAPA, convidando-a para passar para o Plenário.

Liderança com o PDS. Com a palavra o Ver. João Dib, por cinco minutos.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Bancada do PDS saúda com muita satisfação a presença de S. Exª o Sr. Prefeito Olívio Dutra, sua esposa Srª Judite Dutra, o Sr. Vice-Prefeito Tarso Genro, Secretário do Município e colaboradores da Administração Municipal. A Bancada do PDS (também, do PFL), em saudando as autoridades presentes também saúda a Mesa pela iniciativa que pretende tomar em relação às substituições por licença para tratamento de saúde. A Bancada do PDS já havia apresentado em dezembro, e pediu seu desarquivamento, de projeto de lei dispondo sobre a substituição de Cargos em Comissão, para que não se tornasse uma indústria.. Estamos profundamente satisfeitos com as medidas. Pessoalmente eu tenho um Projeto de Lei que extingue cargos – e que foi pedido desarquivamento – e Cargos em Comissão que todos nós, Vereadores, temos direito, mas isso é condição pessoal, não é condição de Bancada, mas a Bancada do PDS também está preocupada com a isonomia que está prevista na Lei Orgânica e que os funcionários municipais e, neste sentido, a Bancada do PDS está elaborando um Projeto de Lei e cuidando, até, que não seja aplicado de uma só vez para que tenha o Executivo oportunidade e possibilidade de fazer a isonomia preceituada na Lei Orgânica do Município. A Bancada do PDS tem Projeto de Lei, que não é uma posição retrógrada, tem Projeto de Lei eliminado a Lei Complementar nº 212, que estabeleceu alíquotas progressivas para o IPTU, e porque a Bancada do PDS tem sensibilidade não está pretendendo criar uma dificuldade para o Executivo. O Projeto de Lei que apresentamos e mantemos com coerência como quando apresentamos um Projeto de Lei estatuindo um limite de 1.794% para aumento do IPTU e nos mantivemos nesta posição até o final e quando a Câmara aprovou os 2.500% nós mantivemos os mesmos. Para surpresa nossa, os Vereadores que tinham apoiado os 2.500% voltaram atrás. A Bancada do PDS pretende que a Lei Complementar nº 212, que estabelece alíquotas progressivas e que é inconstitucional por estudos que temos, a Bancada pretende que o Executivo também dê a sua participação. Nós levantamos o problema e a Justiça já tem liminar concedida em relação ao IPTU. A população insatisfeita já entrou na Justiça e já tem gente que tem liminar com relação ao IPTU, na forma como ele foi lançado, porque o IPTU não pode ter como base para alíquota progressiva o valor venal. Muita gente, muitos Vereadores foram penalizados duas vezes pela progressividade do IPTU em razão ao valor venal, valor acima da inflação e trocaram de alíquotas, criando mais dificuldades. Nós estamos colocando neste Projeto de Lei que deve entrar em vigor na data da sua publicação, mas tendo validade a partir de janeiro de 1992. Nós não queremos criar dificuldade, nós estamos colocando a possibilidade de uma solução, onde a população possa dizer, através dos seus representantes, o que deseja, o que pretende e o Executivo também dar a sua contribuição. Como todas as vezes nós temos feito, nós queremos que as coisas sejam claras, tranqüilas e que a população saiba o que nós estamos fazendo aqui.

E já que se falou em licença para tratamento de saúde, gostaria que a Mesa examinasse também o Projeto aqui, porque têm as exceções que nós entendemos que sejam absolutamente necessárias, eu diria que nós estamos examinando um estudo sobre a licença de Vereador também. O Congresso Nacional tem uma forma de licenciar os seus parlamentares, a Assembléia Legislativa também. Por que a Câmara Municipal não teria? Nós queremos a tranqüilidade, a transparência e nós vamos fazer todas estas coisas dando a nossa colaboração espontânea, visando à solução de problemas, nunca à criação de problemas. Esta é a posição da Bancada do PDS. Nós queremos solução, chega de problemas. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Wilson Santos.

 

O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e demais presentes. Primeiramente, eu quero externar a honra que tenho de compor a Mesa Diretora da Casa. A honra de ser presidido por um Vereador do patamar de qualificação que é o Ver. Antonio Hohlfeldt. Antonio Hohlfeldt tem elevada qualificação pessoal elevada qualificação política. É um verdadeiro diplomata, um verdadeiro magistrado que externa em todos os seus atos a sinceridade e a lealdade. Nesta Instalação da 3ª Sessão Legislativa da X Legislatura, eu também quero manifestar a satisfação de ver aqui a presença do Prefeito Olívio Dutra, prestigiando este ato, do Vice-Prefeito Tarso Genro, da Primeira Dama do Município, do Secretariado Municipal e demais Assessores. Esse gesto é o gesto de prestigiamento que está inserido na boa marcha democrática exercida pelo Poder Público: Legislativo e Executivo. Evidentemente que a tarefa da edificação de uma democracia mais aperfeiçoada, que todos queremos, passa, obrigatoriamente, pelo exercício da dialética, pelo cotejo, pelo digladiar de teses e antíteses. No cotejar das diferenças políticas e ideológicas, mas como seres humanos suscetíveis de erros, o que nos impõe a trabalhar é o nosso convencimento pessoal. Se não temos a insanidade mental, se somos sãos mentalmente e temos o nosso convencimento, as nossas convicções, temos que agir, mas sabendo que vamos encontrar convencimentos e convicções diferentes. E do cotejar, do digladiar da tese e da antítese é que certamente emergirá um denominador comum. O que querem, o Executivo e o Legislativo, é que nesse cotejar, nesse peneirar, nesse coar, nós venhamos a nos conduzir em direção ao bem-estar social. Eu tenho convicção, pelo que extraímos de João 8:23, de um ato evangelizador, que “pelas carreiras direitas nos fazem andar. Se nós andarmos pelas carreiras direitas, não se embaraçarão os nossos pés. E se nós corrermos, não vamos tropeçar”. Evidentemente que eu estarei me policiando e me corrigindo diariamente na busca da interação social, do aperfeiçoamento. Quero andar pelas carreiras direitas, Mas eu, como ser humano, posso, de repente, enveredar pelas canhadas da fraqueza humana, posso ser de repente, potrinho renegado, caborteiro, xucro; posso ter fraqueza da inveja, dos ciúmes, do erro. Mas toda vez que se tem tempo de parar e refletir, nós entendemos que todos nós só queremos ser, acredito, duas coisas: bons e direitos. Não sou o dono da verdade. Prosseguirei lutando coerentemente com o mandato popular que me foi passado, coerentemente com alguém que vive num bairro pobre como o Sarandi, embora tenha uma condição sócio-econômica de classe média, quem sabe até já enveredando para classe média alta, até pode ser, se analisar profundamente a minha condição econômica.

Mas, para concluir, Sr. Presidente, eu vivo na minha atividade incrustado na Vila Nazaré, na Vila Respeito, na Nova Brasília, na Vila Santa Rosa, onde me pecho com os interesses de defesa do Ver. José Valdir nesta Casa e é ali que faço fórum de debate e de convencimento das coisas que defendo. Respeito aquelas forças antagônicas, mas continuarei, enquanto convencido e convicto de que estou certo, a bater na mesma tecla das coisas que defendo. Espero que Deus nos permita praticar com grandiosidade a democracia. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz Braz. Nós comunicamos que o Sr. Prefeito Municipal necessita se afastar, porque vai fazer visita a algumas escolas. Pediria ao companheiro Tarso Genro que passasse a representar o Executivo, como Vice-Prefeito, aqui na Mesa.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente desta Casa, Ver. Antonio Hohlfeldt, Ver. Wilson Santos, Ver. Omar Ferri, que fazem parte da Mesa Diretora desta Casa, Srs. Vereadores, Senhoras, Senhores. Srs. Secretários, Sr. Vice-Prefeito desta Cidade a quem muito admiro, Dr. Tarso Genro, tenho imenso respeito pelo Executivo e pelo trabalho que os Senhores realizam à frente do Executivo para que esta Cidade possa ter melhores dias. Digo a V. Exªs que nós realmente estamos vivendo novos tempos, porque nós estamos participando de um relacionamento entre Executivo e Legislativo, um relacionamento que visa muito mais ao engrandecimento da Cidade, o crescimento da Cidade, a colaboração entre estes dois Poderes do que a luta acirrada para ocupar um lugar no cenário municipal.

E nós já participamos de tempos diferentes, aqui mesmo, dentro desta Casa. Lembramos muito bem, Ver. João Dib, que esta Casa já legislou a respeito de tarifa de transporte urbano. E ao legislar sobre os aumentos das tarifas, não podendo ser uma Casa técnica, porque não é uma Casa Técnica, é uma Casa Legislativa, tinha que arbitrar suas tarifas, não do modo técnico, e, sim, atendendo a todas as reivindicações, a todas as pressões que aqui chegavam. Mas procurávamos, e lembro que o Ver. Antonio Hohlfeldt participava destes trabalhos, procurávamos fazer com que as tarifas saídas desta Casa fossem sempre aquelas que poderiam ser as mais justas, procurando fazer com que o transporte coletivo não parasse e que não servisse para subjugar os passageiros a uma tarifa excessiva.

Mas o que enfrentávamos dentro desta Casa? Aqueles Vereadores que aqui estavam, Aranha Filho, Antonio Hohlfeldt, Wilson Santos, Isaac Ainhorn, Lauro Hagemann, Caio Lustosa, que agora é Secretário do Meio Ambiente, se não votássemos a tarifa menor, teríamos que passar pelo então chamado corredor polonês. Não interessava que a tarifa fosse justa ou não, tinha que ser a menor. E aí surgiam aqueles Vereadores mais espertos que estavam em consonância com movimentos da área popular, onde participava, também, o atual Secretário dos Transportes Dr. Diógenes Oliveira, e tínhamos que passar pelo corredor polonês, para vergonha de todos os Vereadores e detrimento do Legislativo.

Mas passávamos aqui pelo corredor polonês. Hoje, as coisas se modificaram, as tarifas sobem. Mas, Sr. Vice-Prefeito, Sr. Secretário Municipal dos Transportes, jamais esta Casa teceu alguma crítica ou incentivou algum grupo para que fizesse pressão junto ao Secretário Municipal dos Transportes ou junto à Prefeitura Municipal, para envergonhar ou humilhar estas duas instituições: o Prefeito Municipal e o Secretário Municipal dos Transportes. Jamais! Esta Casa sempre procurou trabalhar no sentido de fazer com que estas duas instituições pudessem trabalhar com tranqüilidade. Era o que nós não recebíamos antigamente. Estou dizendo, os tempos mudaram, as relações são outras. Hoje em dia, Legislativo e Executivo procuram trabalhar de uma forma a fazer com que a Cidade possa crescer e engrandecer-se.

Por último, peço mais um segundo apenas para cumprimentar a Mesa Diretora desta Casa, presidida pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, pelas medidas tomadas que visam a fazer com que o Orçamento desta Casa possa se adequar, de uma melhor maneira, a esses novos tempos da economia, quando precisamos dar uma parcela, a fim de que possa realmente esta Casa subsistir de uma forma melhor. O Ver. Antonio Dib havia apresentado uma proposta à Mesa Diretora. Acredito que com esta proposta apresentada e colocada em prática, agora, venha até substituir aquela intenção inicial do Ver. Antonio Dib, de diminuir as assessorias, diminuir os gastos efetuados por esta Casa.

Cumprimento à Mesa Diretora desta Casa por esta prática e acredito que todos nós, a partir deste momento, a partir de agora, vamos começar a melhorar este relacionamento, que já é bom atualmente, entre Executivo e Legislativo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Omar Ferri.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente da Casa, Ver. Antonio Hohlfeldt; Vice-Prefeito do Município, companheiro Tarso Genro; componentes da Mesa: Wilson Santos e Airto Ferronato; Distintos Secretários aqui presentes: Diógenes Oliveira, Caio Lustosa, Maria Luiza Jaeger e Valdir Bohn Gass.

Srs. Vereadores, minhas Senhoras, meus Senhores. Aqui iniciamos hoje o terceiro ano da nossa Legislatura e achei de bom alvitre assinalar alguns fatos que põem em relevo e destacam a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, como a das principais de todo o País, em três aspectos fundamentais no sentido político: no trabalho, no espírito público e nos objetivos de moralização da Casa.

Existiu um fenômeno político nesses últimos anos, principalmente a partir do Golpe Militar de 1964, até os nossos dias, que contaminou pejorativamente todo sistema político-eleitoral brasileiro. E evidentemente que esta poluição de hábitos e de costumes veio enfraquecendo aos olhos do povo os poderes políticos da Nação.

Mas, quando nós chegamos aqui nesta Casa, eu vejo muitos Vereadores que estão presentes, nós chegamos com uma vontade imensa de alterar esses padrões, esses hábitos, esses costumes e alterar, principalmente o quadro da sistematização política brasileira. E uma das primeiras coisas que esta Câmara fez foi terminar com o jetton percebido pelos Srs. Vereadores durantes as convocações extraordinárias. Depois disso, vários parlamentos estaduais e municipais nos imitaram. Logo depois, houve de início uma renhida e num segundo instante uma espécie de consenso de todos os Srs. Vereadores, e esta Casa, talvez a primeira no País a desfraldar a bandeira que terminava com o repasse da verba pública no vergonhoso Fundo de Aposentadoria dos Parlamentares. Após várias Casas Legislativas do País nos imitaram. Mas nós desfraldamos a bandeira como os primeiros, e este mérito nós temos, nós, todos Vereadores com assento nesta Casa. Agora assumiu uma nova Mesa, que a partir de janeiro dirige os trabalhos de Administração do Legislativo do Município de Porto Alegre. É com muita honra que participo desta Mesa, tendo como Presidente o brilhante Vereador Antonio Hohlfeldt e dos demais companheiros que a compõem.

Se havia alguma coisa que ainda me engasgava, e não parei nunca de lutar, eram essas fáceis substituições dos Cargos em Comissão quando o titular estava em férias, para não trabalhar, e o substituto assumia também para não trabalhar, porque em janeiro e fevereiro a Câmara, com exceção dos períodos em que é convocada em caráter extraordinário, não funciona, a rigor, como uma instituição. E agora, em boa hora, atendendo orientações expostas em pareceres, inclusive com o posicionamento do Tribunal de Contas do Estado, a Casa houve por bem, e entendo que o Plenário vai ratificar, de por um fim a essas substituições. Já estamos aplicando as sobras mensais de dinheiro no mercado financeiro, e já tivemos, em 3 dias, um lucro de 300 mil cruzeiros. E vamos modernizar a Casa informatizando a contabilidade e a área legislativa; vamos comprar uma nova mesa telefônica, e vamos fazer concurso para uma série de setores, onde, em vez de funcionarem normalmente com funcionários da Casa, funcionam com CCs, ou parte desses órgãos funcionam com CCs, que é o caso do Setor de Imprensa, do Setor de Vigilância e do Setor de Taquigrafia.

Ontem o Sr. Presidente deu uma entrevista coletiva de imprensa, e todos os órgãos de imprensa retrataram com fidelidade as palavras de S. Exª, menos um, que botou como principal apenas uma particularidade, referente aos subsídios, no sentido de diminuí-los em seu trabalho, em sua imagem e em sua presença na comunidade de Porto Alegre. Então, vejam bem, quando uma Casa, uma instituição, visa melhorar a sua imagem pública, aqueles que exigem a melhoria são os primeiros a prejudicar a imagem, por isto que eu não poderia deixar passar esta oportunidade, Sr. Presidente, sem assinalar estas coisas que, hoje, estão acontecendo. A maioria coisas boas; e uma ou outra coisa que podemos dizer de ruim. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, passamos a palavra ao Ver. Isaac Ainhorn, pela Bancada do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr. Vice-Prefeito Dr. Tarso Genro, prezados colegas, demais membros da Mesa Diretora dos trabalhos desta Casa, Dona Judite Dutra, Srs. Secretários aqui presentes, meus colegas Vereadores, minhas Senhoras, meus Senhores. No dia de hoje, a Câmara de Vereadores dá início aos seus trabalhos legislativos do ano de 1991. Mas esta Casa, como ressaltaram diversos Vereadores que me antecederam, tem dado exemplos de austeridade, de seriedade, de honestidade na sua postura como instituição. E o fez recentemente quando da questão do IPTU; e o fez quando do exame da Lei Orgânica da cidade de Porto Alegre, curiosamente, embora tenha reduzido o prazo de recesso, embora tenha suprimido os ônus das convocações extraordinárias, em todos os termos, ela também se fez caracterizar praticamente por não ter havido recesso em dois anos consecutivos. Isso já foi ressaltado aqui, nesta tribuna, mas ressaltem-se essas questões.

Mas não podemos deixar de assinalar um fato que julgamos da maior importância: não somos um fenômeno isolado, pertencemos a um Estado, a um País, a uma Federação de Estados. O nosso País atravessa uma das crises mais sérias que já atravessou, do ponto de vista econômico, social e político da sua história. Não podemos, como Vereadores, embora restritos à ação municipal de Porto Alegre, nos esquecer dos fatos que se desenrolam nesta Cidade como: a violência, a crise, o caos social e econômico, que assolam esta Nação. Na nossa competência temos procurado desenvolver a nossa ação dentro da responsabilidade naquilo que nos é inerente. Exemplo disso é a ação que esta Casa assumiu em relação ao IPTU, buscou alternativas, sabia das dificuldades em relação às alternativas, inclusive do ponto de vista legal, mas lutou por soluções, porque ela estava respaldada naquilo que é mais importante: a sua população, o seu povo, que deu o respaldo que, talvez, legalmente ela não tivesse. Isso foi positivo, porque resultou numa política de resultados em que o próprio Poder Executivo, sentindo a reação da opinião pública, foi sensível. Esta Casa também não se alheou a uma negociação do ponto de vista político em relação à questão do IPTU. Buscamos um caminho, não se conseguiu o ideal, se buscou uma solução alternativa e esta Casa não se alheou a isso, a uma negociação do ponto de vista político, se buscou uma solução alternativa. Esta Casa teve a responsabilidade de assumir, política e publicamente, esta solução alternativa, e acho que isso é positivo.

Antes de finalizar essas considerações, em nome do PDT, não poderíamos deixar de registrar a questão nacional, que é um questão que nos preocupa, sobretudo quando recentemente mais um pacote econômico se fez sentir. Nós sabemos das dificuldades e dos fracassos dos planos anteriores, nós sabemos do fracasso do autoritarismo, porque se o autoritarismo fosse solução neste País, a Ditadura de 1964, até a revogação do Ato Institucional nº 5, teria conseguido. Infelizmente, a Ditadura levou a esta sinistra crise que hoje assola o nosso País. Veio a Nova República, novas soluções. E um governo oriundo do voto popular, até este momento, não encontra respaldo na base popular, não encontrou soluções para os problemas. O mais importante – e esse papel é importante que seja destacado – é o papel dos Legislativos, o Poder que tem a representatividade da democracia na busca de soluções. Nós acreditamos que este País é viável e que este País tem soluções dentro do regime democrático. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. João Motta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Prezado companheiro Tarso Genro, Vice-Prefeito Municipal, no momento representando o Prefeito Municipal; prezada companheira Judite, Primeira Dama; companheiro Antonio Hohlfeldt, Presidente desta Casa; companheiro Airto Ferronato, presidindo a Sessão neste momento, Secretários aqui presentes, representantes das Secretarias e órgãos do Município; companheiros-Vereadores, companheiros-funcionários. O ano de 1991, para nós, será um ano, sem dúvida alguma, será um ano de afirmação na relação harmônica e solidária e de co-responsabilidade entre os Poderes, Legislativo e Executivo, na gestão da Cidade. Portanto, será um ano de afirmação da chamada democracia representativa. Porém, para nós, da Bancada do PT, este ano que se inicia será também um ano em que a nossa disposição de enfrentar um outro desafio será presente no nosso cotidiano, ou seja, o desafio de democratizarmos os Poderes Executivo e Legislativo, e passarmos a reafirmar a chamada democracia participativa. Por isso, para nós, será importantíssimo que este ano seja o ano da reafirmação do Fórum Municipal de Entidades, instituído durante a Lei Orgânica, democratizando o Poder Legislativo. Será também, para nós, fundamental a afirmação e a construção das chamadas estruturas regionais de governo ao nível do Poder Executivo, bem como o início e a afirmação dos chamados Conselhos Populares, como forma de afirmar um novo perfil de cidadania. A Bancada do PT quer e lutará no sentido de resgatar os direitos políticos dos cidadãos, afirmando-os como sujeitos políticos do seu próprio destino e construtores da sua própria realidade. Por esta razão, nós já nos manifestamos contra a prorrogação dos mandatos numa moção que já foi enviada ao Congresso, através de uma iniciativa do Ver. Antonio Hohlfeldt. A Câmara Municipal de Porto Alegre, a Bancada do PT, é contra a prorrogação dos mandatos, porque isso seria exatamente, ao invés de afirmar este conjunto de idéias, o seu esvaziamento. O ano de 1991 será, também, para nós, um momento de desafio, no sentido de equacionarmos a nossa relação com o conjunto da sociedade. Nós queremos afirmar a nossa relação. Estabeleceremos como paradigma para esta relação a nova sociedade com a qual nós sonhamos e pela qual lutamos. Assim, neste 8 de março, seremos solidários com as feministas e com todos aqueles que lutam pelos direitos políticos, jurídicos e sexuais das mulheres, contra a sua discriminação. Assim, também, 1º de maio, seremos solidários com todos os trabalhadores e com todos aqueles que lutam pelos direitos trabalhistas e políticos, contra esta nefasta e repugnante política de arrocho salarial imposta pelo Governo do Presidente Collor de Mello.

E, por fim, Sr. Presidente e prezado companheiro Tarso, no ano de 1991, nós continuaremos lutando pela paz e pelo fim da Guerra no Golfo. Para isso, eu gostaria de ler, ao encerrar este breve pronunciamento, uma parte do editorial da Revista Amostrarte, feita e organizada por um conjunto de funcionários da Câmara. Diz, no seu início: (Lê.) “... Manhã, tarde e noite, os meios de comunicação encarregam-se de impedir a concentração em qualquer assunto que não seja o Golfo Pérsico. Relatórios, análises e informações diárias têm entregue um quadro cujo aspecto confuso parece cada vez mais direcionado. E fica o vazio. Chega a doer este vazio. Tudo acaba perdendo o sentido, despersonalizando-se, virando um joguinho de vídeo game destinado a conquistar audiência e a entreter a platéia, e não a conceder uma informação objetiva e imparcial”. Eu digo isto lamentando que um jornal do Rio Grande do Sul tenha feito o que fez, quando da coletiva de ontem, e não tenha a dignidade de assumir a postura que o Jornal Folha de São Paulo, ao comemorar os seus 70 anos, esteja, no dia de hoje, fazendo, ou seja, através de um ato multirreligioso, fazendo mais uma manifestação contra a guerra e pela afirmação da paz. Eu gostaria que esse espaço que foi destinado neste jornal aqui, do Rio Grande do Sul, para esvaziar a Câmara Municipal e o conjunto da atividade parlamentar, fosse destinado para afirmar a luta de todos os povos em defesa da autodeterminação e do direito internacional. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, pelo Partido Comunista Brasileiro.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente; companheiro Tarso Genro, Vice-Prefeito; prezada Dona Judite, Primeira Dama; Vereadores; Senhoras e Senhores.

Assomo à tribuna não apenas como um ato de praxe nesta instalação da 3ª Sessão Legislativa. É preciso que se diga dos propósitos que animam cada um, individualmente, e a coletividade desta Casa, neste início de trabalho legislativo, na última década deste milênio. Nunca o homem se viu assolado por tanta conturbação como nos dias que nós estamos atravessando, e isso parece ser uma característica desses tempos. O País, o Estado e, conseqüentemente, o Município, vivem uma crise que igual nós dificilmente teremos memória de termos atravessado. Uma crise econômica, uma crise política, uma crise social, enfim, uma crise até do ponto de vista existencial. Isto se reflete em cada um de nós, criando em cada um de nós um animus que pode muitas vezes, e tem nos levado, a exacerbadas posições, a disputas individuais que devemos tentar superar. Quero dizer com toda a clareza e repetir que como membro do Partido Comunista, único representante nesta Casa e parceiro na Administração Municipal, continuaremos pautando a nossa atividade aqui em defesa da Administração que se instalou no Município de Porto Alegre. Temos a nossa responsabilidade, o nosso compromisso e vamos continuar mantendo, embora, vamos também continuar mantendo a nossa identidade. De outra parte, Srs. Vereadores, Sr. Vice-Prefeito, foi dito e se ressalte novamente a importância do Legislativo exatamente neste momento pelo qual atravessa todo o País e particularmente a função do Vereador que é o primeiro a receber o embate das angústias da população nesta Casa. E faço um apelo para que nós tenhamos presente todos os dias do ano, permanentemente em nossa atividade, a compreensão para com estas camadas mais humildes da população.

E, já que estamos falando em mandato Legislativo, devemos secundar com todo o vigor a nossa repulsa por aquelas vozes agourentas que já se levantam na tentativa de prorrogar os nossos mandatos. Infelizmente nós não teremos condições de obstruir essa tentativa, porque ela decorre de interesses muito comuns neste País, que são dos legisladores federais e estaduais que querem ter nos Vereadores cabos eleitorais fáceis, dóceis, nos instantes de renovação de mandato, e como não estão coincidindo as eleições de Deputados Federais e Estaduais com as de Vereadores, se levanta novamente aquela tese de que deva haver coincidência. É preciso que a sociedade fique bem alerta contra esta nova tentativa. E, por último e por fim, Srs. Vereadores, nós teremos um ano muito complicado em Porto Alegre, temos uma tarefa ingente a prosseguir que é a feitura das leis complementares que vão disciplinar a nova Lei Orgânica editada em abril do ano passado. Estas leis complementares são de importância capital para o prosseguimento da ação administrativa como um todo, e esta Casa tem responsabilidade. Eu auguro que todos nós tenhamos compreensão dos momentos que vamos passar e que a convivência nesta Casa seja a tônica predominante no sentido de que as ações populares sejam atendidas. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, Ver. Airto Ferronato pelo PMDB.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Ilustre Vice-Prefeito, Dr. Tarso Genro; Ilustre Presidente, Ver. Antonio Hohlfeldt; companheiro de Mesa, Ver. Omar Ferri, Profª Judite Dutra, Primeira Dama do Município, Srs. Secretários, colegas Vereadores, Senhoras, Senhores. Nós estamos ingressando, neste ano, na segunda metade dos nossos mandatos de Vereadores, tendo, particularmente, a consciência do dever cumprido até aqui, porque assumi uma cadeira nesta Casa disposto a apoiar toda e qualquer medida e proposta que busque mudar o atual quadro sócio-econômico existente aqui no Município. Vou continuar assim: apoiando aquelas propostas que tenham em mente a busca da verdadeira e do verdadeiro melhor bem-estar social do povo de Porto Alegre, porque entendo que não se pode falar em nenhuma democracia onde nós temos e convivemos com milhares de pessoas que não têm sequer o que comer. Daí, então, é que me posiciono, independentemente da preocupação, do desgaste pessoal, político, ou de qualquer outra ordem.

Disse o Prefeito Olívio Dutra que a responsabilidade na Administração da coisa pública, em especial, do Município de Porto Alegre, é do Executivo e do Legislativo. E está correto. E a avaliação que faço quando vejo, com felicidade, com satisfação ouço que as finanças do Município de Porto Alegre estão equilibradas, eu atribuo este fato a três pontos específicos.

Em primeiro lugar devemos todos nós reconhecer a seriedade do Partido e dos Partidos que estão no Governo Municipal. Em segundo lugar, devemos reconhecer a competência desta Administração, e muito em especial a competência dos técnicos do Município de Porto Alegre, funcionários públicos concursados. E em terceiro lugar, devemos creditar, inegavelmente, esta situação das finanças equilibradas no Município, muito graças à disposição dos 33 Vereadores desta Casa, que sempre estiveram presentes e disseram sim àquelas medidas de reforma do sistema tributário, que lamentavelmente, penalizava e ainda penaliza a nível federal, e muito especial o Imposto de Renda, que tive o prazer de ser fiscal de tributos federais, penalizam aqueles que ganham muito pouco.

É por isto que entendemos que a Câmara de Vereadores andou muito bem quando apoiou a reforma tributária do Município.

E dentro deste enfoque estou sentindo que já se começa a dizer alguma coisa sobre o IPTU progressivo inconstitucional ou não inconstitucional. Que me perdoem os tributaristas deste País, o IPTU progressivo é instituído, hoje, é plenamente constitucional, porque o IPTU progressivo no tempo é outro artigo. O IPTU progressivo no tempo é que depende de Lei Federal. IPTU progressivo ali não depende.

E para finalizar, com relação à preocupação do Ver. Lauro Hagemann em relação às Leis Complementares - que acho interessante -, quero aqui repudiar a ação dos Deputados Federais, que não tomaram nenhuma medida com relação às Leis Complementares Federais, porque como homem que atua nas finanças públicas, a Constituição diz assim: “Lei Complementar disciplinará normas gerais de direito tributário federal”. Ainda não existe. “Lei federal que complementará normas gerais de direito financeiro”. Ainda não existe. Gostaria de dizer que ainda não existe e fica muito complicado, nós, nos Municípios passarmos a elaborar uma Lei Complementar, por exemplo, sobre tributos sem que haja a Lei maior, a nível federal, que determine as grandes linhas mestras dos tributos, por exemplo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.

(Levanta-se a Sessão às 11h05min.)

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